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quinta-feira, 24 de maio de 2007

Hoje o dia foi esquisito.

Hoje o dia foi esquisito.
Já devia ter imaginado que seria assim quando acordei ouvindo fanfarras distantes com alto índice de reverberação e alguns anjos-ratos que circulavam como mariposas em direção à minha maquete de Tóquio devastada por Godzilla e me remetendo a quinze dozes de wisky que não me lembrava de ter tomado. Claro, isso por si só não teria sido tão estranho, mas ao me levantar da cama com dois pés esquerdos (e esbarrar numa garrafa de wisky que não deveria estar lá), escorreguei no próprio limo que brotava do chão sob meus pés. Brotava, aliás, mais exatamente do carpete que havia sido instalado semanas antes para combater os incêndios causados pela fênix de estimação do meu afilhado.
Já de pé, caminhei em direção à cozinha para meu desejum matinal a base de ovos cruz, farinha, azeite e duas fatias de bacon e fui obrigado a passar quatro vezes pela sala de estar, duas pelo corredor de serviço, uma viagem de elevador e saltar da sacada para o quarto ao lado.
Não era esquisito a casa mudar de formato, especialmente nos primeiros quinze minutos em que precisava para lembrar que não estava na minha casa, mas mesmo Woody, a barata empalhada de estimação do meu rato já começava a se coçar com toda aquelas flores que brotavam ao meu redor.
No percurso para o trabalho peguei pela primeira vez todos os sinais abertos, inclusive para o outro lado do cruzamento, criando o maior engarrafamento da historia da cidade. Cheguei quinze minutos atrasado no trabalho, quando a equipe do citytrans consegui terminar o trabalho de detonação espontânea compulsória dos carros e permitiu o livre acesso dos demais pela calçada. Aproveitei para passar pelo centro e adquirir um secador de cabelo e um binóculo de visão noturna.
Sentei em meu escritório e abri o jornal. As noticias faziam pouco sentido, como aquela do incidente do avião Legacy, que aprimorando as técnicas do kamikaze aéreo derrubou um 747 e consegui pousar depois, mas não fazia diferença pois eu tão pouco lia com atenção. Minha concentração estava no poste de luz, do outro lado da rua, que eu observava através da minha janela de três centímetros de vidro reforçado contra tiros de rifle. Alguns pombos disputavam a soberania dos fio de eletricidade com os joãos de barro numa ferrenha disputa de purrinha. Os pombos jogavam melhor, o que irritava muito o time da casa.
No almoço foi servido doce de piriroca, purê de carne, bolo de batata e pizza de gergelim. Não comi, pois um louco armado de duas sub-metralhadoras ingram entrou no restaurante e queimou o cuzinheiro. Colocaram o corpo do coitado sobre uma mesa e o velório foi feito no local, onde logo após o corpo foi servido (falaram que tinha gosto de carne de cachorro). Mas eu já tinha saído.
De volta ao trabalho, meu computador insistia em não ligar até que eu ligasse-o não tomada, onde ele continuou a insistir em não funcionar. O pessoal da assistência detectou a presença do vírus windows e uma enorme quantidade de apresuntado no hardware (cerca de quinze). Achei melhor não comentar que o computador tinha habito de tomar café, sempre com dois torrões.
No final do dia, segui para a casa de minha namorada, para cumprir com minhas obrigações antes de voltar para a minha mulher e aproveitar a noite. A Cássia estava vestido um corpete ao contrario sobre uma manta mexicana e me contou sobre o vazamento da pia do banheiro, que devido a sua inconstância de fluxo tinha sido adotada pela vida marinha da casa como pantanal. A verdade é que esse nome só era usado quando junto com a afluência do cano, a mãe da Cássia se depilava lá.
Em casa, consegui evitar o ataque do exército de carteiros que me espreitava na esquina e pulei o sistema anti-tanque instalado na soleira da porta, antes que ele pudesse falhar de novo. Assisti um pouco de estática na tv e tomei um banho de quinze minutos na panela de pressão. Coloquei meu pijama de oncinha e me deitei para escrever em meu diário.
Hoje o dia foi esquisito. Mas amanhã, quando for domingo, será pior.

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